Novo livro digital de Mirella Ferraz, Sereias Também Caminham
11 março 2014
Mirella Ferraz (autora de Sereias, O Segredo das Águas) divulgou através das redes sociais seu novo livro, disponibilizado pelo site Amazon, para a plataforma kindle. Aproveitem por que o livro está de graça (por enquanto). Mirella ficou conhecida como a sereia brasileira, e no ano passado fez apresentações no Aquario de São Paulo, além de ter participado de diversos programas de TV. Para fazer o download da obra clique aqui.
Conto: O Mistério Que Habita na Escuridão
05 março 2014
Abri os olhos, e senti o chão duro gelado atrás de
mim. Meu corpo tremeu, enquanto eu me colocava de pé, procurando em que me
apoiar. O odor fétido entrava por minhas narinas, porém meus olhos somente viam
a escuridão. Breu total. Deslizei minhas mãos pela parede fria em busca de um
interruptor e enquanto isso, minhas memórias iam e vinham em flashes confusos.
Lembrei-me que entrei nessa loja, uma loja comum de
usados que havia sido inaugurada recentemente. Cumprimentei o dono que se
encontrava atrás do balcão, tentando ignorar o cheiro insuportável de carne
podre, que talvez estivesse vindo do esgoto. O homem era de alto, tinha cabelos
negros e um grosso bigode que quase lhe escondia os lábios. Comecei a vasculhar
os objetos da loja em busca de algo que me interessasse.
No meu bolso meu celular vibrou, minha mãe me
ligava como era de costume nas ultimas semanas, graças a uma onda de
desaparecimentos que aconteciam na cidade. Cerca de dezoito pessoas haviam desapareceram
na ultima semana, e sem deixar pistas. Suspeitavam que algum maníaco pudesse
estar à solta, e a vizinhança andava assustada. Tirei o celular do bolso e
apertei o “ignorar chamada”. Continuei fuçando as prateleiras até que achei uma
luva de couro pela qual me interessei, era realmente bonita, nunca havia visto
nenhum material parecido.
Virei procurando o dono da loja que havia
simplesmente desaparecido do balcão. Virei-me de volta para as luvas e me
deparei com o homem ali parado segurando um enorme bastão e com um sorriso
sádico no rosto, os olhos sombrios me encaravam.
Minha cabeça doía, passei a mão e senti o galo. Na
escuridão, me apoiava nas paredes para me manter de pé. Vasculhei meus bolsos,
meu celular ainda estava ali. Disquei rapidamente para minha mãe e enquanto
chamava eu usava a luminosidade do celular para tentar enxergar alguma coisa,
mas a luz de repente ascendeu.
A claridade revelava um corpo nu, congelado, que
reconheci como o de Clara, uma das garotas que havia desaparecido nas ultimas
semanas, cartazes com sua foto estavam pelos postes da cidade. Suas pernas
tiveram a pele retirada e um dos pés estava sem os dedos. Respirava ofegante
enquanto me virava procurando por uma saída.
Para minha surpresa o dono da loja se aproximava de
mim com um avental branco manchado de sangue, e uma faca afiada. Gritei por
socorro, enquanto lágrimas de desespero desciam pelo meu rosto. Minhas mãos já
sem força largaram o celular que atingiu um chão num baque forte.
Ele tapou minha boca com a mão suada. Sorriu enquanto
aproximava a faca do meu pescoço.
– Só vai dor um pouquinho.Prometo. – O sorriso
sádico estava de volta ao seu rosto. Os olhos grandes e castanhos me encaravam
arregalados.
Senti a faca encostando meu pescoço, enquanto minha visão ficava turva.
Ele me jogou no chão, e a última coisa que vi foi meu sangue escarlate
escorrendo pelo chão branco enquanto celular no chão, já registrava uma chamada
de seis minutos com minha mãe que provavelmente ouvirá tudo.
Conto por: Erik Dellatorre
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